domingo, 30 de agosto de 2009

Conversa de bebes


> Bebês!!
>
> - E aí,
> véio?
> - Beleza,
> cara?
> - Ah, mais ou menos.
> Ando meio chateado com algumas coisas.
> - Quer
> conversar sobre isso?
> - É a minha mãe. Sei
> lá, ela anda falando umas coisas estranhas, me botando um
> terror, sabe?
> - Como
> assim?
> - Por exemplo: há
> alguns dias, antes de dormir, ela veio com um papo doido
> aí. Mandou eu dormir logo senão uma tal de Cuca ia vir me
> pegar.
> Mas eu nem sei quem
> é essa Cuca, pô. O que eu fiz pra essa mina querer me
> pegar? Você me conhece desde que eu nasci, já me viu mexer
> com alguém?
> -
> Nunca.
> - Pois é. Mas o pior
> veio depois. O papo doido continuou. Minha mãe disse que
> quando a tal da Cuca viesse, eu ia estar sozinho, porque meu
> pai tinha ido pra roça e minha mãe passear. Mas tipo, o
> que meu pai foi fazer na roça? E mais: como minha mãe foi
> passear se eu tava vendo ela ali na minha frente? Será que
> eu sou adotado, cara?
> - Sabe a sua vizinha
> ali da casa amarela? Minha mãe diz que ela tem uma hortinha
> no fundo do quintal. Planta vários legumes. Será que sua
> mãe não quis dizer que seu pai deu um pulo por
> lá?
> - Huuuummmm. pode ser.
> Mas o que será que ele foi fazer lá? VIXE! Será que meu
> pai tem um caso com a vizinha?
> - Como
> assim, véio?
> - Pô, ela deixou bem
> claro que a minha mãe tinha ido passear.. Então ela não
> é minha mãe. Se meu pai foi na casa da vizinha, vai ver
> eles dois tão de caso. Ele passou lá, pegou ela e os dois
> foram passear. É isso, cara. Eu sou filho da vizinha. Só
> pode!
> - Calma, maninho..
> Você tá nervoso e não pode tirar conclusões
> precipitadas.
> - Sei lá. Por um lado
> pode até ser melhor assim, viu? Fiquei sabendo de umas
> coisas estranhas sobre a minha mãe.
> - Tipo
> o quê?
> - Ela me contou um dia
> desses que pegou um pau e atirou em um gato. Assim, do nada.
> Puta maldade, meu! Vê se isso é coisa que se faça com o
> bichano!
> - Caramba! Mas por que
> ela fez isso?
> - Pra matar o gato.
> Pura maldade mesmo. Mas parece que o gato não
> morreu..
> - Ainda bem. Pô, sua
> mãe é perturbada, cara.
> - E sabe a Francisca
> ali da esquina?
> - A Dona Chica? Sei
> sim.
> - Parece que ela tava
> junto na hora e não fez nada. Só ficou lá,paradona,
> admirada vendo o gato berrar de dor.
> - Putz
> grila. Esses adultos às vezes fazem cada coisa que não dá
> pra entender.
> - Pois é. Vai ver é
> até melhor ela não ser minha mãe, né? Ela me contou isso
> de boa, cantando, sabe? Como se estivesse feliz por ter
> feito essa selvageria. Um absurdo. E eu percebo também que
> ela não gosta muito de mim. Esses dias ela ficou tentando
> me assustar, fazendo um monte de careta. Eu não achei
> legal, né. Aí ela começou a falar que ia chamar um boi
> com cara preta pra me levar embora.
> -
> Nossa, véio. Com certeza ela não é sua mãe. Nunca que
> uma mãe ia fazer isso com o filho.
> - Mas
> é ruim saber que o casamento deles é essa zona, né? Que
> meu pai sai com a vizinha e tal. Apesar que eu acho que ele
> também leva uns chifres, sabe? Um dia ela me contou que lá
> no bosque do final da rua mora um cara,que eu imagino que
> deva ser muito bonitão, porque ela chama ele de
> 'Anjo'. E ela disse que o tal do Anjo roubou o
> coração dela. Ela até falou um dia
> que se
> fosse a dona da rua, mandava colocar ladrilho em tudo, só
> pra ele pode passar desfilando e tal.
> -
> Nossa, que casamento bagunçado esse. Era melhor separar
> logo.
> - É. só sei que tô
> cansado desses papos doidos dela, sabe? Às vezes ela fala
> algumas coisas sem sentido nenhum. Ontem mesmo veio me falar
> que a vizinha cria perereca em gaiola, cara. Vê se pode?
> Só tem louco nessa rua.
> - Ixi, cara. Mas a
> vizinha não é sua mãe?
> - Putz, é mesmo! Tô
> ferrado de qualquer
> jeito
>

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